Clipping – Jornal da Cidade – Em alta, mercado de imóveis segue na contramão

O mercado imobiliário é um dos setores que, apesar da pandemia, estão obtendo bons resultados. Segundo pesquisa divulgada recentemente pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), as vendas de imóveis residenciais novos nas cidades de Belo Horizonte e Nova Lima cresceram 74,43% em junho, com 382 unidades, em comparação com o mês anterior, quando foram comercializados 219 apartamentos. Esse foi o segundo maior número de unidades vendidas no ano, ficando atrás somente do mês de janeiro, quando 402 unidades foram comercializadas.

Os dados do Censo do Mercado Imobiliário confirmam os bons resultados obtidos pelo segmento. Em entrevista ao JORNAL DA CIDADE, o presidente do Conselho da Câmara Imobiliária de Minas Gerais e da Sancruza Imóveis, Evandro Negrão de Lima Jr., explica os principais fatores que têm impulsionado o mercado imobiliário e como investidores e pessoas que querem adquirir a casa própria podem aproveitar esse bom momento para a compra de um imóvel.

O mercado imobiliário tem obtido resultados positivos, mesmo com a pandemia. A quais fatores você credita o aumento nas vendas de imóveis?

Um dos principais fatores é a queda na taxa de juros. A aplicação financeira deixou de ser interessante. Hoje temos juros reais negativos, ou seja, quem deixa dinheiro no banco não está ganhando nem empatando; está perdendo dinheiro. Então, uma aplicação óbvia, segura e com rentabilidade é o mercado imobiliário. Pra quem vai financiar a compra, os juros do financiamento imobiliário diminuíram, possibilitando mais pessoas comprarem e imóveis de maior valor. Aumento na demanda (lei da oferta e demanda) acarreta também na valorização do imóvel, fazendo com que o comprador ganhe nas duas pontas.

O isolamento social fez com que as pessoas valorizassem mais o próprio lar. Esse fator fez com que muitas pessoas optassem por imóveis maiores?

As pessoas perceberam o quanto que o lar é valioso e que vale a pena investir nele. É um local que pode lhe dar segurança, conforto e paz. Houve, sim, uma procura por imóveis maiores, com área de lazer, varanda, quintal, casas em condomínios, coberturas etc. Também houve uma busca por dar um upgrade na própria casa em termos de reformas e quem estava em busca de compra adquiriu um melhor, maior, mesmo com um custo mais elevado.

A transformação digital também ressignificou o mercado imobiliário?

Sem dúvida, a tecnologia é fundamental para a atuação do setor imobiliário na pandemia. Isso já ocorria e como em outros setores a pandemia fez acelerar. Podemos citar a utilização dos tours virtuais para visitar imóveis, mais dinamismo em redes sociais para interação com os clientes, fotos alta qualidade, filmagem, drones, etc. Tudo isso foi intensificado e melhorado em função da pandemia. Também pudemos observar uma evolução nas relações contratuais, com as assinaturas digitais e busca de documentos de forma on-line.

As novas linhas de crédito divulgadas pela Caixa, além das diversas vantagens oferecidas pelo banco e por outras instituições bancárias, têm impulsionado o financiamento imobiliário?

Sim. A Caixa lançou uma linha de crédito atrelada ao IPCA (Índice de Preços para o Consumidor Amplo). Outra opção que vem é a LIG (Letra Imobiliária Garantida), que é um título lastreado por créditos imobiliários e num cenário de juros baixos funciona muito bem e pode dar muito funding para o setor. O financiamento urbano mais barato que existe é o imobiliário e com a valorização do bem, o LTV (loan to value, que, em tradução, significa “valor do empréstimo”) diminui e fica mais seguro e fácil de o comprador adquirir o imóvel.

Em sua opinião, qual é o cenário que se desenha para o mercado imobiliário até o final deste ano?

Há todos os fundamentos para um aumento dos valores dos imóveis e já estamos verificando isso, inclusive nos nossos lançamentos e de concorrentes. Esse cenário de recuperação vai se consolidando. A taxa de juros deve permanecer baixa, não somente neste ano, mas também nos próximos. Mesmo que não seja de 2%, mas 3% ou até 4% são considerados patamares muito baixos para as nossas referências. Além disso, houve aumento de custos dos fornecedores, o que acarreta aumento de preço do produto final. Por isso, acredito que isso deva permanecer, enquanto a demanda estiver aquecida, e obviamente é um mercado enorme, com uma demanda de milhões de pessoas, impulsionada, sobretudo, pelos juros baixos.

Fonte: Jornal da Cidade

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