Clipping – GZH – Aplicação prática para NFT: Porto Alegre faz primeira operação de garantia de imóvel

O mercado imobiliário gaúcho realizou a primeira operação do país usando propriedade digital como garantia para o financiamento de um imóvel.

Foi concretizada pela startup especializada netspaces (sim, o nome da empresa é escrito em letras minúsculas) e pela imobiliária Guarida e resultou na compra de um apartamento no bairro Sarandi, em Porto Alegre, com valor total de R$ 155 mil, dos quais R$ 129 mil foram financiados por meio de NFT, o famoso non fungible token, ou em português mais ou menos compreensível, símbolo não substituível.

À coluna, o diretor de produtos da Netspaces, Jonathan Doering Darcie, explicou que a empresa desenvolveu um “arranjo jurídico-tecnológico” para associar um token NFT à matrícula de um imóvel. Dessa forma, o token é usado como garantia no processo de financiamento.

— Tradicionalmente, a formação de uma garantia é um pouco demorada, porque envolve alienação de bens, entre outras etapas. Nosso processo permite que pessoas que não têm acesso ao crédito consigam comprar seus imóveis. Ao mesmo tempo, quem empresta terá oportunidade de fazer isso de forma mais ágil e com a mesma segurança dos meios tradicionais — afirma Darcie.

Na prática, “tokenizar um imóvel” significa que a escritura de um imóvel passa a ser ligada a um token criptografado que usa como base a tecnologia blockchain, a mesma do bitcoin e outras criptomoedas. Já NFT é uma espécie de certificado digital, estabelecido via blockchain, que define originalidade e exclusividade a bens digitais.

O código do imóvel é adicionado às escrituras tradicionais, que seguem lavradas e armazenadas em papel dentro dos cartórios. Darcie garante que todo o processo é feito de acordo com os órgãos regulatórios.

A primeira usuária da nova tecnologia foi a diarista Docelina Conceição de Barros Severo. Em vez de buscar um empréstimo habitacional tradicional, financiou a compra de NFT na netspaces – que representa direitos sobre o imóvel – e usou o próprio ativo digital como garantia do financiamento.

Ela encontrou o imóvel no site Imovelweb, no qual a startup anuncia os imóveis com propriedade digital. Após demostrar interesse na compra, um corretor da Guarida entrou em contato com ela para finalizar a operação. Atualmente, a empresa prepara a “digitalização” de 500 imóveis, que somam R$ 290 milhões em tokens blockchain.

Fonte: GZH