O setor imobiliário sentiu os efeitos da pandemia logo nas primeiras medidas de distanciamento social, que aceleraram o processo de transformação digital no segmento. Quanto aos negócios, a oscilação esteve até nos impactos: enquanto a maior valorização das pessoas à moradia e a taxa básica de juros (Selic) no menor patamar histórico beneficiavam as operações, contratos precisaram ser renegociados ou até desfeitos em função da nova crise.
Quem explica é a presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Cássia Ximenes. Segundo ela, não apenas o setor imobiliário, mas a economia como um todo iniciou 2020 com bastante otimismo, mas se viu surpreendida, em março, por uma crise sanitária sem precedentes.
“Logo na segunda quinzena de março, o mercado precisou se mobilizar para aderir às medidas e seguir todas as orientações das autoridades sanitárias. De equipe em home office à implantação de tecnologias com a reformulação de processos e aprimoramento no relacionamento com clientes. Foi tudo um aprendizado”, lembrou.
Para isso, foram adotadas inúmeras ferramentas virtuais, seja para a visitação e conhecimento por parte dos clientes e até fechamento on-line de negócios. “O e-commerce é, definitivamente, uma tendência também para o mercado imobiliário, mas os consumidores vão priorizar o atendimento diferenciado e a consultoria especializada para realizar transações com segurança. Ou seja, de toda maneira, a personalização e o bom atendimento continuarão fazendo a diferença”, completou.
O setor de locação comercial, segundo ela, foi especialmente atingido com as restrições de funcionamento das atividades. Com isso, foi necessário realizar negociações individuais, prezando sempre pelo equilíbrio.
No geral, na avaliação de Cássia Ximenes, o desempenho do setor acabou sendo puxado por facilitadores de financiamento criados pelo próprio governo, a Selic a 2% ao ano e a possibilidade de portabilidade entre os agentes financeiros.
“Para se ter uma ideia, apenas em outubro tivemos 17% de unidades a mais vendidas em Belo Horizonte em relação à mesma época de 2019. Esse crescimento é compatível com o apurado em março de 2014”, ressaltou.
E, embora os números do exercício ainda não estejam fechados, a presidente da CMI/Secovi-MG apostou que os números do segundo semestre deverão compensar as perdas da primeira metade de 2020. “Vamos terminar empatados ou com desempenho superior. Já em 2021, deveremos continuar nesta subida, com a diferença de que os preços também deverão ter alguma movimentação”, concluiu.