Uma foto e um vídeo podem valer mais que mil palavras, mas isso não significa que uma boa descrição do imóvel não seja fundamental. De acordo com levantamento realizado pelo QuintoAndar, maior plataforma de moradia da América Latina, com base em mais de meio milhão de anúncios publicados na plataforma entre 2020 e 2022, as palavras mais usadas para descrever um imóvel estão, em sua grande maioria, relacionadas aos espaços do imóvel ou à localidade.
O termo “apartamento” é o mais frequente entre todos os anúncios publicados – a cada 100 palavras, 2 são “apartamento”. A palavra é seguida por “próximo”, utilizada bastante para precisar a localização do imóvel (1,3% do total) e termos como “cozinha”, “condomínio” e “bem” fecham as cinco palavras mais usadas. Entre as dez estão “sala”, “área”, “armários”, “banheiro”, “salão”, “metrô”, “quartos” e “garagem”.
Há diferenças por regiões. Enquanto o metrô é a terceira palavra mais citada nos imóveis em São Paulo, no Rio é apenas a décima. Já a palavra “quartos” não aparece nem sequer entre as 20 mais usadas na capital paulista, mas é a terceira mais usada em Belo Horizonte e a quarta mais utilizada na capital fluminense. A churrasqueira, por sua vez, só aparece entre as 20 mais usadas em Porto Alegre (RS).
O estudo mostra que há uma forte relação entre as palavras que são colocadas nos anúncios e o preço cobrado por elas. Anúncios com preços mais baixos acabam valorizando atributos relacionados à região onde o imóvel está localizado, com o uso de palavras como “ônibus”, “próximo”, “localizado”, “comércio”, “centro”, “fácil” e “acesso”.
Já os imóveis com preços mais elevados acabam destacando amenidades do próprio imóvel, como “varanda”, “piscina”, “mobiliado”, “ar condicionado”, “amplo” e “suíte”, por exemplo.
“Percebemos que a forma de fazer a propaganda do imóvel muda completamente a depender do tipo e do preço dele. Para os imóveis mais baratos há um abuso da descrição das facilidades da região, o que não acontece tanto com os imóveis com preço mais elevado”, destaca Thiago Reis, gerente de Dados do QuintoAndar.
A descrição do anúncio é essencial para o sucesso de alugar um imóvel, na tentativa de convencer um futuro inquilino a marcar uma visita e, futuramente, fazer uma proposta. Termos como bicicletário e escritório, por exemplo, ficaram mais frequentes, com aumento de 38% e 60% no segundo trimestre deste ano, em comparação com o primeiro trimestre de 2020 (bem no início da pandemia).
“Uma boa descrição pode ser o grande diferencial no momento de colocar o apartamento à venda ou para locação, aumentando a liquidez do imóvel em um cenário de mercado aquecido. O quarto de serviços pode virar um escritório na descrição, ampliando a chance de chamar a atenção daqueles que atuam em regime híbrido. Às vezes deixar clara a incidência do sol, por exemplo, também pode ser determinante”, afirma Thiago Reis.
No meio milhão de anúncios, há palavras que não aparecem no top 10, mas que são vistas em boa parte das descrições como “segurança” (106ª posição), aconchegante (130ª posição) e pet (171ª posição). “Parques”, “supermercados”, “farmácias” e “playground” são ainda mais recorrentes e aparecem entre as 100 mais.
Outras, no entanto, só apareceram uma única vez, como “acupuntura”, “baguete”, “Bertolucci”, “guacamole”, “origami” e “paintball”. Ao todo, há mais de 5 milhões de palavras utilizadas – sendo 20 mil delas uma só vez. Parte dos registros, no entanto, denota erros de grafia, como a palavra “churrasqueira”, escrita errada de mais de 50 formas diferentes.
Fonte: Diário Carioca
