Clipping – GZH – No foco de construtoras, Cidade Baixa concentrou 51% das vendas de imóveis novos em Porto Alegre em dezembro

Porto Alegre tem 81 bairros conforme a listagem oficial da prefeitura, mas, em dezembro, somente um deles concentrou metade das vendas de novos imóveis na cidade – o que inclui projetos na planta, em obras ou recém-entregues.

Das 384 unidades desse tipo negociadas no último mês do ano passado, conforme a mais recente pesquisa sobre o mercado imobiliário, lançada nesta segunda-feira (7) pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon/RS), 51% foram vendidas na Cidade Baixa. Isso é reflexo do aumento na oferta de empreendimentos diferenciados na região, que costumam combinar moradia, comércio, gastronomia, coworking e opções de lazer.

Em vez de entregar prédios mais convencionais, nos últimos anos e, principalmente, nos últimos meses, as construtoras vêm oferecendo opções como studios (imóveis com os cômodos mais integrados e de dimensões menores, perto de 30 metros quadrados) e apartamentos de um quarto, associadas a projetos mais arrojados em conceito e arquitetura.

– As construtoras começaram a oferecer studios, apartamentos menores, aproveitando uma deixa que envolve estudantes e profissionais mais jovens naquela região. Apartamentos um pouco menores atingem uma base de compradores maior – avalia o diretor do Sinduscon/RS Claudio Schuch, que coordena a pesquisa Panorama do Mercado Imobiliário de Porto Alegre realizada em parceria com a Órulo e a Alphaplan.

O metro quadrado na Cidade Baixa está avaliado em R$ 12,8 mil para as novas unidades, pouco acima da média de toda a cidade (cerca de R$ 12 mil), mas, ao oferecer boa parte dos apartamentos com metragens mais compactas, o preço final acaba ficando um pouco mais em conta para esse público mais jovem e em início de carreira. Os studios, em dezembro, concentraram 40% das transações.

Esse tipo de moradia atrai em maior grau um perfil específico de público, mais jovem e de classe média. Conforme um estudo recente realizado pela empresa Space Hunters, que presta assessoria para a localização de investimentos, a renda média na Cidade Baixa é de R$ 5.020 mensais, e a maior fatia da população (35%) é jovem adulta.

Por isso, lançamentos que combinam unidades menores com design e conceitos diferenciados passaram a se tornar mais frequentes nos últimos meses e atrair um número elevado de interessados.

– O bairro tem 34 mil moradores, que corresponde ao dobro de um Auxiliadora. A renda média não é baixa, é uma região cômoda em que se pode fazer tudo a pé, então as construtoras passaram a focar nesse público – analisa o CEO da Space Hunters, Francisco Maraschin Zancan.

Não é algo inédito que um bairro concentre a maior parte das vendas de novos imóveis da cidade em um determinado mês. Quando há algum grande lançamento ou um conjunto de novidades recentes, isso pode ocorrer – em junho do ano passado, por exemplo, o Rio Branco somou 56% das negociações.

Mas o normal é que o volume de negociações seja bem melhor distribuído: em outubro e novembro de 2021, por exemplo, o Boa Vista havia liderado o ranking de unidades vendidas por bairro, com 15% e 11%, respectivamente.

Zancan avalia que, apesar do recente boom imobiliário na Cidade Baixa, será preciso acompanhar os próximos meses para apontar com mais segurança que impactos terão mudanças recentes na dinâmica urbana – influenciada, entre outros fatores, pela pandemia.

– Não sei quantos desses lançamentos mais recentes foram feitos ainda com a lógica de dois anos atrás. Depois disso, muitos empreendimentos foram fechados na região, bares passaram a abrir em outros locais da cidade como Petrópolis, Bela Vista, Auxiliadora, 4º Distrito, e aulas presenciais em faculdades próximas foram suspensas – pondera o CEO da Space Hunters.

Até o momento, porém, esse cenário não parece ter freado o ímpeto de futuros moradores ou investidores. O diretor do Sinduscon aponta que, conforme indica o resultado da pesquisa imobiliária, os novos empreendimentos da Cidade Baixa seguem atraindo interessados.

Fonte: GZH