Clipping – Microsoft News – Isolamento social antecipa mudanças no mercado imobiliário

A pandemia do novo coronavírus mudou a realidade das pessoas em todo o mundo, tanto na vida pessoal, como profissional. Considerado uma medida eficaz contra a disseminação do vírus, o isolamento social trouxe novos hábitos para a rotina diária dos indivíduos, como passar mais tempo em casa e menos ou nenhum período no local de trabalho.

Novos costumes geram novas tendências e isto já está sendo observado no setor imobiliário, aponta uma pesquisa realizada pelo Sindicato das Empresas de compra, venda e locação de imóveis (Secovi).

E essa mudança, segundo o CEO da Epar Busines Expert e sócio da Alug+, Eduardo Luíz, tem mais relação com a latência do que com uma tendência propriamente dita. “As pessoas estavam com necessidades reprimidas, que acabaram sendo impostas a elas por determinadas tipologias de produtos e unidades habitacionais. E, neste contexto, essa crise do novo coronavírus fez aflorar um pouco dessa latência.”

Dessa forma, Eduardo comenta que há um movimento crescente na busca por casas e loteamentos, principalmente devido à necessidade cada vez maior das pessoas de terem posse de espaços maiores, bem como de locais capazes de serem catalisadores e formadores de bem-estar.

Isso porque, em meio à pandemia, houve uma mudança nos aspectos considerados essenciais em uma moradia. Se antes, as pessoas tinham menos tempo dentro de caso e, por isso, procuravam por locais mais práticos, funcionais e de baixo custo, hoje, com o isolamento social, migrou-se para uma busca por comodidade e bem-estar, o tornando um espaço de convívio e não de apenas moradia.

“O produto que precisa ser oferecido atualmente é aquele que vai entregar conforto, um pouco mais de espaço, estruturas para o home office e meios de que a relação familiar seja mais próxima, como áreas comuns”, pontua Eduardo.

Além do aumento pela busca de locais que atendem às necessidades do comprador, bem como um movimento de moradias entre apartamentos e residências, como casas e condomínios, o CEO da Epar Busines Expert explica que mudanças no ramo de moradias em prédios também sofreram mudanças.

“Antes, era comum e aceitável que fossem entregues prédios com características aquém, no que diz respeito a espaço, mas com um local comum que ‘enchia os olhos’, como as áreas de lazer, por exemplo. Mas, hoje, não se pode ter acesso a esse tipo de compartilhamento com naturalidade. Então, os apartamentos vão ter que sofrer adequações, ser um pouco maiores e oferecer salas, varandas e locais de trabalho dentro do apartamento em si.”

Eduardo destaca, ainda, que mesmo com a crise financeira, em função da pandemia causada pelo novo coronavírus, não há perspectiva de queda nos preços de casas, loteamentos e unidades habitacionais, justificando-se pela demanda constante.

“O Brasil tem um déficit habitacional histórico e recorrente próximo de 7 milhões de moradias. E a realidade é que nem a maior consultora do país consegue entregar 10% do que representa esse déficit no ano. Então, há e continuará a ter um movimento grande na busca por moradia, ou seja, a demanda é contínua, sendo, neste momento, superaquecida pela necessidade de determinadas tipologias.”  [BLOCKQUOTE1]

No entanto, Eduardo pontua que diferentemente do setor habitacional, os imóveis comerciais tendem a sofrer quedas de preço, já que, devido ao isolamento social, algumas formas de empreendimento foram repensadas e alteradas para modelos virtuais e em home office. Portanto, a procura por esse tipo de estabelecimento teve queda, resultando em uma oferta com custos mais baixos.

“Algumas corporações já estavam antes mesmo da crise com certa vacância, ou seja, sem locação. E em Belo Horizonte essa taxa é ainda maior que em São Paulo. Isso deve continuar, principalmente devido ao home office e a preferência por investimentos em espaços comerciais menores. Além disso, muitas lojas foram devolvidas. Então, com a baixa demanda, há uma queda nos preços desse tipo de imóvel.”

Tendências

Eduardo afirma que o isolamento social, a pandemia e a consequente crise financeira propiciaram a antecipação de um movimento já previsto e em andamento no mercado imobiliário nacional, como é o caso da locação.

“O mercado brasileiro ainda está ‘engatinhando’ no que se diz respeito a locação, mas esta é uma tendência, principalmente no setor residencial, porque muitas pessoas não querem mais fazer a compra, querem o uso, sem as burocracias do financiamento, a perda de tempo e o comprometimento de cerca de 30 anos com uma parcela fixa.”

Justamente por isso, o sócio da Alug afirma que as empresas estão mais atentas a isso e observando este movimento, tanto que algumas construtoras, ao perceber a facilidade das pessoas em priorizar o aluguel, têm desenvolvido projetos voltados exclusivamente para a locação, tanto em Belo Horizonte, quanto no restante do Brasil.

“Afirmo que este é um mercado que merece investimento, pois acredito que será uma tendência que firmará. E o que irá acontecer nos próximos 10 anos no ramo de locação, não aconteceu nos últimos 50. Pois a relação de se manter anos em uma residência tendo que custear os gastos irá ficar improdutivo, e a locação será um meio de facilidade, não só por questões funcionais, mas também por aspectos financeiros”, diz.

Eduardo explica que o fato de as pessoas precisarem se submeter a cadastros e comprometer a capacidade de pagamento, que poderia ser usado posteriormente, caso optasse pela locação, para custear outros gastos referentes a móveis e eletrodomésticos, tendem a aquecer ainda mais o mercado destinado ao aluguel.

Outra tendência, segundo Eduardo, é quanto aos procedimentos destinados ao mercado imobiliário nacional serem feitos no formato digital, método que precisou ser implementado devido ao contexto da pandemia.

“Hoje se tem formas de fazer todo o processo de venda e compra de forma 100% eletrônica, e os cartórios de registros de imóveis também estão se adaptando e se tornando digitais. Antes, havia a necessidade de um fiador, para garantir a fiança e como este processo seria feito, quanto ao seguro e demais aspectos. Então, era uma burocracia muito grande, e hoje se tem empresas que ajeitam isso, com fiadores eletrônicos, por exemplo, assim como vistorias e assinatura de contrato.”

Eduardo aponta que a terceirização de processos administrativos terá, também, uma inclinação do mercado. “Algumas empresas não fazem isso, por não saberem que este método existe, e hoje pode-se terceirizar essas funções administrativas, tornando a administração mais leve, eficiente e barata. Isso é uma tendência. Os negócios passarão por essas mudanças e se faz importante entender que aquela função em que o empresário não é especialista, ele pode terceirizar com quem pode contribuir para isso”, afirma.

Fonte: Microsoft News

 

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