Clipping – Consumidor Moderno – Qual será o futuro dos imóveis corporativos? Coworking aparece como boa alternativa

A pandemia chegou trazendo algumas incertezas e, em muitas situações, acelerando transformações. Um desses casos é o dos aluguéis de escritórios corporativos. Tanto pelas medidas de isolamento social quanto pela necessidade de conter gastos em um momento de crise, muitos imóveis corporativos tradicionais foram devolvidos desde o início da crise sanitária.

Junho foi o pior mês para o mercado corporativo. Em São Paulo, por exemplo, mais áreas de edifícios corporativos classe A foram devolvidas do que alugadas, de acordo com levantamento da consultoria imobiliária Cushman & Wakefield. Será o fim dos prédios comerciais?

Para Wanderson Oliveira, CEO da big data Prospecta Obras, é importante entender o porquê do aumento da devolução desses imóveis. “A maioria delas foi motivada por questões financeiras, que pode ser resolvida por negociação entre o dono do imóvel e o inquilino. Nós estamos vivendo uma crise mundial, é preciso ter essa consciência: estabelecer uma conversa, tentar negociar e flexibilizar. Às vezes, trata-se de um bom inquilino, que sempre fez tudo certinho e quer continuar no imóvel, mas não está dando conta nesse momento”, afirma.

Consolidação do Home Office

No início da pandemia, o home office se tornou a única alternativa para que as empresas dessem continuidade às atividades com segurança. Hoje, mesmo com a retomada da maioria dos setores da economia, muitas companhias decidiram manter o modelo remoto devido à redução dos custos e aumento da qualidade de vida dos colaboradores (por exemplo: fugir do trânsito, ter uma alimentação mais balanceada em casa, estar em um ambiente mais confortável, etc).

Para Wanderson, a tendência não é apenas temporária. “Por mais que o home office exija um comprometimento maior do profissional, de saber separar quando está trabalhando e cuidando de atividades pessoais, acredito que com um bom treinamento, é uma modalidade que veio para ficar”, diz Wanderson.

O CEO afirma ainda que, passando a crise sanitária, nada será como antes, e isso influencia no futuro dos imóveis comerciais que, se não se adaptarem, podem acabar se dissolvendo. “Certamente, teremos uma nova realidade com a qual iremos nos adaptar. Proprietários de imóveis terão de aprender a se adaptar. Já vi muitos proprietários afirmando que estão flexibilizando o formato de aluguel, aluguéis que estavam com várias salas disponíveis começaram a alocar esses quartos para fazer reuniões ou home office. O setor passa por transformação”.

Mudança nos polos corporativos

Outra tendência catalisada pela pandemia é a migração das áreas corporativas mais nobres, como as regiões da Paulista e da Vila Olímpia, para bairros onde o aluguel está mais em conta.

“Com funcionários trabalhando em home office, reuniões acontecendo online, a necessidade de receber o cliente no escritório já não é mais tão imprescindível. A localização acabou não se tornando tanto uma necessidade e começou a ser repensada. Agora, isso não vale para todas as empresas, algumas companhias sempre vão precisar de um espaço em áreas nobres. O que pode acontecer é uma maior distribuição das empresas”, comenta Wanderson.

“De repente, o ambiente corporativo acaba saindo um pouco mais dessas regiões, mas outros segmentos podem acabar tomando conta desses locais – como espaços de lazer, alimentação e até mesmo residenciais. O importante é entender o mercado. Outras empresas que tinham interesse em ir para essas regiões podem ver aí uma oportunidade.”

Coworking: a nova tendência

Após um período difícil no início do ano, os escritórios de coworking, considerados “os escritórios do futuro”, se adaptaram e estão sendo cada vez mais procurados. Em um momento de crise, a alocação com contratos flexíveis – sem necessidade de comprometimento a longo prazo, seguro fiança e outras burocracias  – aparece como saída viável.

“As plataformas de Coworking conectam as duas pontas: quem procura um espaço de trabalho e quem oferece um espaço de trabalho. Acreditamos que é um empreendimento que faz sentido e por isso acreditamos no crescimento do mercado”, diz Fernando Aguirre, cofundador do Coworking Brasil.

Segundo Fernando, sobretudo em um período de crise, não faz sentido para uma nova empresa apostar em um escritório tradicional. “Para uma empresa que não sabe se vai durar mais de dois anos, é muito mais interessante procurar um modelo mais flexível, sem excesso de comprometimento de contrato. Então, principalmente em situações de início da jornada, os escritórios compartilhados caem como uma luva.”

O crescimento do mercado é explicado pela expansão da companhia. O coworkingbrasil.org já conta com mais de 850 espaços cadastrados em 202 cidades. E a expectativa para o futuro é boa.

“Ao menos que a gente tenha algum desastre do ponto de vista de saúde, 2021 vai ser um ano muito forte para o mercado, principalmente devido às incertezas que esse ano trouxe. Como ainda não temos uma vacina para a Covid-19, caso seja necessário voltar ao modelo remoto, as empresas que alugam imóveis compartilhados conseguem voltar com pouca burocracia. Além disso, o trabalho remoto tem se consolidado. O modelo tradicional, hoje, já não faz muito sentido, é um sistema que estressa a cidade e as pessoas. Então, a exemplo de São Paulo que tem muitos espaços de Coworking, a pessoa tem a possibilidade de ir a pé até o trabalho, trabalhar de forma remota, com toda a estrutura de um escritório tradicional, com sala de reunião, internet de qualidade, pessoas trocando experiências. O coworking é um perfeito meio-termo e tende a crescer como uma solução muito mais acessível”, acredita Fernando.

Fonte: Consumidor Moderno

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